Tudo sobre Giárdia e como tratar cães e gatos

A giardíase é uma das principais parasitoses do trato gastrointestinal de cães e gatos. Ela se destaca pelo seu potencial zoonótico (passar para seres humanos).
Saiba como prevenir, diagnosticar e tratar a giárdia nos seus animais de estimação!


O QUE É:
Giardia Duodenalis.
É um protozoário flagelado e unicelular chamado Giardia spp, da família Hexamitidae. Esse protozoário possui duas formas conhecidas: cística e trofozoíta. Ele não é invasivo e a multiplicação assexuada ocorre na superfície do intestino delgado dos hospedeiros vertebrados.



TRANSMISSÃO:
A transmissão ocorre pela boca ao ingerir água ou comida contaminada com fezes de algum animal (ou ser humano) que esteja com giárdia. Os cistos do protozoário são altamente resistentes no ambiente e podem sobreviver por dias até serem ingeridos e entrarem no novo hospedeiro, onde irão eclodir.



HOSPEDEIROS:
Existem cerca de nove espécies do gênero Giardia que são conhecidas, podendo infectar, além dos mamíferos, pássaros, anfíbios, répteis e outros. Porém, até o momento sabe-se que apenas a espécie Giardia Duodenalis é responsável por causar infecções nos seres humanos e outras diversas espécies de mamíferos, como os gatos e cães, sendo um indicativo do alto potencial zoonótico desse protozoário, ou seja, uma preocupante zoonose dificil de combater e responsável por grande parte dos casos de diarréia.


FILHOTES DOENTES:
A giardíase acomete gatos e cães de todas as idades, mas é mais frequente e perigosa nos filhotes. Os protozoários retiram os nutrientes, interferindo no desenvolvimento saudável do filhote que ainda não possui o sistema imunológico 100% desenvolvido para impedir o surgimento de outras infecções secundárias. Por causa disso, uma giardíase em um filhote de cão ou de gato, precisa ser tratada rapidamente para evitar riscos graves, que podem levar à morte.


CICLO DA GIÁRDIA
Ele acontece da seguinte forma:
  1. Ingestão dos cistos infectantes presentes no ambiente;
  2. Cistos resistem ao suco gástrico do hospedeiro. Então, o trofozoíto emerge do cisto ativo para se reproduzir de forma assexuada no intestino delgado e se alimentar de detritos e bactérias;
  3. Os cistos e os trofozoítos são eliminados com as fezes normais ou recém-formadas do hospedeiro, exceto nas fezes liquefeitas ou disentéricas;
  4. Apenas os cistos sobrevivem fora do organismo do hospedeiro e são resistentes ao ambiente, infectando novos hospedeiros. 

SINTOMAS DA GIARDÍASE
Na maioria dos casos de giardíase, os animais e os seres humanos são assintomáticos. Mesmo assim, há eliminação de cistos em suas fezes. Entretanto, nos casos com manifestações clínicas, a giárdia pode se apresentar de duas formas:
  • Forma aguda: geralmente, os sinais clínicos podem surgir em aproximadamente 5 dias após a incubação
  • Forma crônica: os sinais clínicos se manifestam em decorrência da persistência da diarreia e também pela má absorção intestinal dos nutrientes, gerando complicações no quadro do paciente, inclusive gerando maior grau de desnutrição 
Os principais sinais clínicos observados em casos de giardíase felina e canina são:
  • Enterites;
  • Dores abdominais;
  • Diarreia ou fezes com odor fétido. Geralmente são de aspecto mole ou aquoso, espumosas e de cor pálida. Presença de gorduras devido a esteatorreia.
  • Êmese;
  • Desidratação;
  • Distensão abdominal;
  • Perda de peso;
  • Anorexia;
  • Distúrbios de sono;
  • Irritabilidade;
  • Flatulência

Os sinais clínicos da giárdia podem variar de acordo com a cronicidade da doença. Por exemplo, quadros agudos tendem a não apresentar perda de peso, desidratação e etc. Portanto, cada paciente deve ser avaliado de forma individualizada pelo Médico-Veterinário.

Além disso, diversos fatores podem gerar variações nos graus dos sinais clínicos apresentados pelo paciente, como a cepa do parasita, o tempo de duração da infecção, o manejo nutricional do pet, o grau de imunossupressão, doenças preexistentes do trato gastrointestinal, coinfecção de outros patógenos como Salmonella spp., Escherichia coli, Clostridium spp., entre outros.


TRATAMENTO CONTA A GIÁRDIA
Consiste no conjunto entre eliminação dos sinais clínicos, controle da infecção e interrupção do ciclo da giárdia. O objetivo também inclui o controle de outros patógenos associados ao quadro de giardíase, como as bactérias oportunistas e outros agentes.

O fenbendazole tem sido eficaz na eliminação da infecção por Giardia em cães. O fenbendazole é aprovado para o tratamento de Giardia em cães na Europa, e as evidências experimentais disponíveis sugerem que é mais eficaz que o metronidazol no tratamento de Giardia em cães (Companion Animal Parasite Council, 2022). A recomendação do uso de antibióticos como o metronidazol vem sendo revista pelos profissionais, visto a ocorrência de resistência aos antimicrobianos.

De acordo com cada caso, o Médico-Veterinário pode indicar outros fármacos, além de fluidoterapia e vitaminas como tratamento suporte. Em casos de infecções concomitantes por outros agentes ou demais doenças presentes, o protocolo será ajustado conforme necessidade específica.

Em gatos, a transmissão se dá através da caixa de areia então o animal doente deve ser mantido separado durante o tratamento.

Existem diversos vermífugos que também servem contra giárdia, além de remédios específicos e mais eficientes contra ela.

 



COMO PREVENIR A GIÁRDIA
Mesmo após o tratamento, por serem resistentes ao ambiente, os cistos podem reinfectar o animal.
  • Remover as fezes do animal e lavar o ambiente, visando eliminar os cistos do local. Para isso, pode usar água com sabão e desinfetantes, como os produtos à base de amônia quaternária (cloreto de benzalcônio – deixando o produto agir no ambiente por cerca de 30 minutos);
  • Lavar os comedouros e bebedouros diariamente;
  • Disponibilizar água filtrada e fresca ao animal;
  • Dar banhos no pet com sabão neutro e higienizar de forma adequada a região perineal;
  • Após ter contato com o animal ou realizar a limpeza das instalações em que o pet vive, o ser humano deve higienizar as suas mãos para evitar uma possível infecção;
  • Evitar a superpopulação de animais que dividem o mesmo ambiente.

Comentários